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terça-feira, 14 de junho de 2011

A Publicidade e o Diabo




O Diabo é uma figura muito popular na propaganda e não é de se estranhar que o uso dessa figura mitológica é mais recorrente do que a própria imagem de Jesus Cristo nas publicidades modernas. Não é meu interesse aproximar ou tão pouco comparar a relevância espiritual dos gêneros que se opõe ou equipará-los numa perspectiva religiosa. Postos em paralelo, apenas como elemento simbólico da comunicação mercadológica fico curioso quando me deparo com tais evidências e como a espiritualidade do mundo está mudando.


Na visão do professor doutor em sociologia Marcos Renato Holtz de Almeida, as artes são um possível medidor que evidenciam a transformação em que o mito do Diabo lidou com o devir histórico e suas conseqüentes metamorfoses sofridas no campo das ideologias sagradas e profanas. Tendo, provavelmente, a Indústria Cultural desferido o golpe final que tornou o mito do Diabo um símbolo destinado a ser objeto de consumo, um mito a serviço do entretenimento nas sociedades modernas. No cinema,por exemplo, são infinitos os casos onde o Diabo adquire uma conotação poética e mis minimizada do ponto de vista das concenções eclesiáticas.

Nesse contexto, eu imagino que a criação publicitária se apropriou desse produto imagético popular europeu, devido à ascensão do cristianismo à religião dominante. Com isso, ao migrar para a América latina o Diabo recebeu diversas definições que o moldaram através dos séculos, e a propaganda o transformou em uma espécie de fetiche, adquirindo contornos simbólicos que dialogam com diversas categorias de produtos e nichos de mercado, onde sua simbologia foi alterada na mentalidade cultural - a figura do mal incorporou elementos afáveis e que se reissignificam no imaginário coletivo se relacionando mais intimamente com carinho, amor, desejo carnal e uma espécie de pecado "menor", o pecado socialmente aceitável.




Os produtos esportivos, a industria da moda, os cosmésticos, o setor aumobilístico e outros trades já exploraram esse símbolo ao seu favor. São referencias típicas de uma cultura brasileira, mestiça, híbrida e que não rejeita, só incorpora. Nesse contexto, vale destacar que o mundo imagético da publicidade não pode ser visto apenas da ótica do estudo democráfico e das suas característics de classe econômica, há nesse universo oculto um novo espaço, com elementos complexos e difícil compreensão por onde percorre o caminho do profissional de criação.

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