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domingo, 28 de março de 2010

Entenda a Escola Latino-Americana de Comunicação

Esse post está direcionado mais especificamente aos meus alunos de Publicidade e Rádio e TV; contudo, reafirmo para interesse geral, a importância de esclarecer porque a Escola Latio-Americana de Comunicação está sob os olhares curiosos dos principais estudiosos do mundo.

No Brasil, existe uma interconexão mais visível entre os diferentes tipos de mídias, já que conta com uma grande capacidade de “juntar” vários povos, com várias idéias e culturas. Noções de fragmento, simultaneidade, brevidade e instabilidade já mobilizavam, bem antes das vanguardas modernistas, a interação entre formas urbanas, formas jornalísticas e processos criativos: “A crônica começa a ocupar um espaço próprio e, como os modernistas, adota uma das especificidades da literatura hispano-americana: a apropriação eclética de campos culturais e gêneros díspares” (Rotker, 1993).


Nossa produção artística/cultural seja midiática ou pelos informes publicitários estão repletos de elementos migratórios de diferentes gêneros da cultura. Nos jornais encontramos narrativas da TV, nos anúncios publicitários há elementos fortíssimos das HQ's e de outras formas de intertextualidade. O Cinema talvez seja um dos exemplos maiores, assim como a cultura de rua e a pop-arte. Chamo a atenção também, da própria origem das ecolas brasileiras de Comunicação, que vieram dos encontros e desencontros de outras escolas, entre elas, a escola de Sociologia e Filosofia, Literatura, Belas Artes e Arquitetura. E ainda, as contribuições de Chico Science, um dos maiores protagonistas brasieliro, difusor da cultura popular e da expressão de mestiçagem em sua obra.

Amálio Pinheiro, professor da PUC e respeitado pesquisador da Escola Latino-Americana afirma que "a vanguarda no Brasil estava mais avançada que na Europa, sendo que muito das coisas que se faziam lá eram somente compreendidas aqui, graças à nossa herança cultural miscigenada. Por outro lado, segundo Bastide (1959) os conceitos sociológicos norte-americanos ou europeus não funcionam no Brasil. Aqui é necessário usar conceitos mais fluidos, menos herméticos. Nossas mídias são muito mais interconectadas, assimilando conceitos umas das outras.

Daí a necessidade de se pensarem os teóricos que estão a frente dos estudos tradicionais da comunicação e das artes (por exemplo, a Semiótica da Cultura de extração eslava, de Tinianov a Lótman) rearticuladas e revistas por autores que incorporam as guinadas epistemológicas da escola mestiça (Martín-Barbero, Sarduy, Lezama Lima) que, por sua vez, provêm das condições culturais do continente latino-americano e da atualidade.

Referência Bibliográfica:
BASTIDE, Roger. Brasil, terra de contrastes. São Paulo: Difel, 1959.

CAMPOS, Haroldo de. Serafim: um grande não-livro. In: ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

GRUZINSKI, Serge, O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

PINHEIRO, Amálio. Por entre mídias e artes: a cultura. Revista GHRBH Revista Brasileira das Ciências da Comunicação e da Cultura e de Teoria das Mídias. Vol.6, 2004. Disponível em: http://revista.cisc.org.br/ghrebh6/artigos/06amalio.htm%20Acesso%20em%2005/10/2009.

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